Segundo o dermatologista e especialista em cabelos Luciano Barsani, do Instituto do Cabelo, em São Paulo, o fato de ser escova progressiva, ou escova definitiva, não acarreta problemas, se executada por um profissional habilitado e que utilize produtos licenciados pelo Ministério da Saúde. O problema só acontece quando a lei é burlada, o produto é alterado e o profissional inabilitado.
O formol, por exemplo, foi diversas vezes utilizado na produção das escovas progressivas, até ser proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (a ANVISA).
Algumas escovas utilizadas em salões de beleza ainda possuem o formol, mesmo ilícito, que pode ser acrescido na hora da preparação do material, bem debaixo do seu nariz.
Outro produto proibido, que também pode ser encontrado em algumas escovas progressivas, é o glutaral, uma substância 10 vezes mais forte que o formol e que pode causar queimaduras no couro cabeludo, coceiras, ardência ocular, e até pneumonia química (queimaduras no pulmão devido à inalação do produto, que pode levar à morte).
"Quando o produto utilizado não corresponder a esses requisitos(profissional habilitado e produto licenciado pelo MS), pode ocorrer queda de cabelo, perda de brilho, alteração na textura dos fios, queimadura no couro cabeludo com lesão irreversível e perda total dos fios", afirma o dermatologista. "Em casos mais graves podem existir complicações como pneumonia química, reação alérgica, inflamações e até a morte", completa.
Segundo o dermatologista, os tratamentos realizados para curar os danos causados por uma escova progressiva mal utilizada podem demorar no mínimo seis e sete meses para recuperar os fios do jeito que eram inicialmente. "Dependendo das complicações, o processo pode ser irreversível, como na queima do couro cabeludo", revela o profissional. É o famoso "barato que sai caro".
Casos de complicações em alisamentos não são raros. Segundo especialistas, isso se deve ao formol, um componente químico altamente tóxico que geralmente está presente.
O portal R7 trouxe casos de pessoas que tiveram complicações após realizar procedimento para alisar os cabelos. Trago abaixo as historias:
Uma senhora perdeu os cabelos após realizar uma escova progressiva. O procedimento resultou em queimaduras no couro cabeludo. Além disso, a fumaça afetou seus olhos e ela perdeu parte da visão. O alisamento foi feito em um salão que costumava frequentar, mas ela não conhecia o produto. Ela foi encaminhada para o hospital, e apesar do trauma, sabe que as consequências poderiam ter sido piores.
Outra mulher, Marcia Gomes de 48 anos, morreu após realizar o mesmo procedimento na cidade de Pindamonhangaba. Ela sofreu de insuficiência respiratória e chegou a ser atendida no pronto-socorro, mas não resistiu.
Henrique, que trabalhava em um salão que realizava em média 80 progressivas por semana, chegou a desmaiar por conta da frequência em que inalava a fumaça tóxica do local. Ele teve que fazer tratamento para tuberculose e perdeu 11 quilos.
“A Organização Mundial de Saúde considera o formol cancerígeno”, afirma a dermatologista Ana Karina Junqueira, em entrevista ao Balanço Geral. A substância é tão perigosa que prejudica também a profissional e outros clientes presentes no salão durante o procedimento.
Se, mesmo sabendo dos riscos, você ainda quiser partir para a ação, o médico deixa algumas dicas para se prevenir de possíveis danos:
- Procure sempre um médico de confiança;
- Tenha certeza de que o profissional é habilitado para executar o procedimento;
- Peça para que o cabeleireiro mostre a embalagem do produto e o prepare na sua frente;
- Verifique se, no rótulo, consta o número de registro ao lado do símbolo da ANVISA;
- Peça para que o profissional execute o teste da mexa, para saber se, mesmo sendo licenciado, o produto se adapta ao seu fio;
- A qualquer sinal de ardor, coceira, lacrimação dos olhos, rouquidão, tosse ou falta de ar, interrompa imediatamente o procedimento. Lave os fios abundantemente com água e procure um médico de sua confiança.
FONTE: Site VilaMulher, Portal R7
PERGUNTAS MAIS FREQUENTE SOBRE O FORMOL DISPONIBILIZADO PELO INCA - INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER
O formol é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma substância cancerígena para humanos, enquadrando-se no grupo 1, ou seja, com fortes evidências de carcinogênese em humanos e em animais.
1. Qual a concentração permitida para o formol utilizado como alisante capilar nos salões de beleza?
A legislação sanitária permite que os produtos cosméticos capilares contenham uma concentração de apenas 0,2% de formol como conservante, durante o processo de fabricação.
Qualquer adição de formol em produtos já prontos não é permitida, acarretando riscos à saúde da população e constituindo-se em infração sanitária nos termos da Lei nº6.437, de 20 de agosto de 1977.
Para atingir o efeito alisante, o formol deveria ser empregado em concentrações maiores, o que é totalmente vetado.
Ademais, a aplicação do formol conjugada ao uso de recursos térmicos promove a evaporação do produto, provocando irritações cutâneas, oculares e respiratórias.
2. Se o formol é cancerígeno, por que ainda é utilizado na indústria cosmética?
O formol como é utilizado, ou seja, adicionado a outro produto com objetivo de obter o alisamento capilar NÃO É PERMITIDO pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) devido aos riscos que oferece à saúde e, principalmente, ao seu potencial cancerígeno.
A aplicação do formol somente é permitida durante a fabricação do produto, na devida proporção, com a função de conservante, de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 162 desta agência.
3. Quem já se submeteu à escova progressiva, o que pode fazer? Como deve proceder mediante os efeitos da intoxicação?
Quem já se submeteu a um tratamento capilar com uso de formol em concentrações indevidas deve interromper imediatamente o uso da substância.
Uma alternativa é substituir o tipo de tratamento que poderá ser feito com produtos que contenham outras substâncias com capacidade alisante registradas pela agência, como o ácido tioglicólico, o hidróxido de lítio, o carbonato de guanidina e o hidróxido de cálcio.
Pode ocorrer incompatibilidade entre o último produto aplicado e o substituto, por isso observe sempre as recomendações do rótulo ou peça orientação de um profissional.
Mediante os variados sinais e sintomas causados pela exposição ao formol deve-se procurar um clínico para uma avaliação mais acurada
4. O risco do formol à saúde é só durante a sua aplicação?
Não. A exposição ao Formol pode causar efeitos tóxicos agudos, no momento de sua aplicação ou nas horas que se seguem. No entanto, o uso repetido, crônico também traz risco para a saúde. A exposição por tempo prolongado, principalmente se esta se dá em ambientes fechados, aumenta o risco de desenvolvimento de câncer, em especial de nasofaringe e leucemias.
5. Qual a legislação que proíbe ou restringe o uso do formol, principalmente em cosméticos?
Em 2001, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) no162 publicou a lista de substâncias de ação conservante permitidas para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes restringindo a porcentagem do formol nas misturas.
Em junho de 2009 foi publicada a Resolução RDC no36, que proíbe a comercialização do formol em estabelecimentos como drogarias, farmácias, supermercados e lojas de conveniências. A finalidade desta Resolução é restringir o acesso da população ao formol, coibindo o desvio de uso do formol como alisante capilar protegendo a saúde de profissionais cabeleireiros e dos consumidores.
Já a RDC no58, de novembro de 2009, elenca as substâncias de ação conservante permitidas para produtos de limpeza.
6. Quais os riscos do formol à saúde se inalado?
Como o formol é volátil, uma maior quantidade é inalada, tanto por quem aplica como por quem se submete ao tratamento, podendo causar irritação nos olhos, nariz, mucosas e trato respiratório superior. Em altas concentrações, pode causar bronquite, pneumonia ou laringite.
Os sintomas mais frequentes no caso de inalação são fortes dores de cabeça, tosse, falta de ar, vertigem, dificuldade para respirar e edema pulmonar.
7. Quais os riscos do formol à saúde quando em contato com o couro cabeludo?
O contato com o vapor ou com a solução pode alterar a coloração da pele, deixando-a áspera e causar anestesia e necrose cutânea local . Dermatites e hipersensibilidade, desidratação, rachaduras na pele e ulcerações podem ocorrer após longos períodos de exposição. Afora o couro cabeludo, o contato com os olhos pode acarretar danos à córnea.
8. É possível denunciar o salão ou mesmo os profissionais que utilizam formol para a escova progressiva? Como proceder?
Sim. O consumidor que encontrar irregularidades não deve utilizar o produto e poderá entrar em contato com a Vigilância Sanitária Municipal, Estadual ou com a própria ANVISA através do e-mail cosmeticos@anvisa.gov.br.
Em caso de suspeita de reações adversas causadas pelo uso de cosméticos, envie o relato para o e-mail cosmetovigilancia@anvisa.gov.br.
9. O uso repetido da técnica acarreta mais danos à saúde?
Sim, quanto maior a concentração e a frequência da aplicação indevida do formol, maior o risco, tanto para os profissionais que aplicam o produto, como para usuários.
É importante ressaltar que os efeitos decorrentes do uso do formol com o objetivo de alisamento apresentam maior risco para a saúde das pessoas que manipulam e aplicam a mistura, do que para as pessoas que se submetem à aplicação.
10. Os produtos de limpeza que contenham formol também oferecem risco à saúde?
Sim. A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) no35/2008 da ANVISA estabelece a lista de substâncias de ação conservante autorizados para utilização em produtos de limpeza e o formol não está incluído. Em 2009 houve a substituição desta listagem através da RDC no 58 de novembro de 2009, mantendo-se o formol fora da listagem.
11. O formol prejudica os cabelos? Pode provocar quedas?
Dependendo da concentração, o formol pode, sim, causar queda capilar.
A aplicação de produtos com adição de formol torna o fio de cabelo rígido e, portanto, suscetível à fratura (quebra) diante dos traumas normais do dia a dia, como pentear e prender os cabelos.
Este efeito enrijecedor do formol é obtido através de sua ligação às proteínas da cutícula do cabelo e aos aminoácidos hidrolizados da solução de queratina, produzindo no fio um aspecto liso e brilhante, mas deixando-o desidratado e quebradiço.
12. O uso do formol interfere no processo de engravidar?
Até o momento, dados limitados foram relatados a respeito dos efeitos das misturas químicas com formol e interferências na gravidez sendo necessárias novas pesquisas focadas no risco à reprodução humana.
13. Quais as consequências da exposição ao formol à saúde das crianças?
Uma vez que o formol é considerado substância cancerígena, seu uso é proibido para indivíduos em qualquer faixa etária. Em crianças, acredita-se que exposições a substâncias cancerígenas levam ao desenvolvimento do câncer mais precocemente, em função da sua maior suscetibilidade.